1991

De 14 a 17 de julho – Realização de Eventos no Palácio do Anhembi, em São Paulo/SP, com cerca de 2.000 participantes. Vieram profissionais de vários países e de todo o Brasil, dando uma contribuição sem precedentes ao estudo do autismo.
Por: Ana Maria S. Ros de Mello

Entre 14 e 17 de julho de 1991, realizamos o “IV Congresso Mundial da Criança Autista”, o “II Simpósio Internacional de Instituições para Deficientes Mentais” e o “II Congresso Nacional de Autismo”, com cursos, palestras e cerca de 2.000 participantes.

Além da doação dos auditórios no Palácio de Convenções do Anhembi,   obtivemos o apoio do CNPq, FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior) para trazer o Dr. Eric Schopler, o criador do TEACCH, sua esposa Margareth Landsing, pedagoga especializada em autismo, o psicólogo espanhol Dr. Angel Rivière, o renomado psiquiatra Dr. Bernard Rimland, o psicanalista francês Dr. Renèe Diatkine,  Dr. Rosenberg,  Francisco Assunção, Haim Grünspum, Stanislaw Krinski, José Raymundo Facion, José Raymundo Lippi, ou seja, os maiores estudiosos do  autismo daquela época, no Brasil e no mundo.

Foi um evento memorável.


Julho de 1991 – Visita à Unidade de Parelheiros do Dr Eric Schopler e de Angel Rivière.
Por: Ana Maria S. Ros de Mello

Convidamos Eric Schopler e Angel Rivière para visitar o sítio depois do evento.

Foi uma visita inesquecível pelo conhecimento de autismo destas duas pessoas tão importantes na época.

O Dr. Schopler é o psicólogo que na década de 1960 criou, no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Carolina do Norte, nos EUA, o método TEACCH – Treatment and Education of Autistic and related Communication handicapped Children, para ser aplicado em salas especiais de escolas públicas regulares da Carolina do Norte.

O Professor Rivière era o psicólogo responsável pela APNA, a Associação de autismo de Madrid, e um profissional e palestrante brilhante.

Ambos visitaram todas as instalações e conversaram conosco e com a nossa equipe. Eles se impressionaram muito com tudo o que já havíamos feito e nos recomendaram convidar alguém do TEACCH para vir dar-nos assessoria para melhorar a qualidade de nossos serviços.


Dezembro de 1991 – Dr. Thomas E. Mates, diretor-Clínico  do TEACCH Center, em Wilmington/EUA, visita a AMA e nos assessorando na montagem de um programa educacional para o autista.
Por: Ana Maria S. Ros de Mello

Em dezembro de 1991, o  Dr. Thomas Mates passou um dia inteiro na unidade de Parelheiros, avaliando assistidos e estruturando o ensino de atividades de forma a facilitar a compreensão e o aprendizado deles.

Convidamos para passar o dia conosco na unidade de Parelheiros e assistir o workshop  ministrado pelo Dr. Mates,  a Dra. Margarida Windholz,  uma das primeiras profissionais que se dedicaram ao estudo, aplicação e divulgação da Análise Comportamental em educação especial, com seu alentado volume “Passo a Passo: seu Caminho – Guia Curricular para o Ensino de Habilidades Básicas”. Também participaram como convidados profissionais de outras instituições, como a FADA e a AMA de Ribeirão Preto.

Em 10 de dezembro de 1991, o Dr. Thomas Mates ministrou um curso sobre o TEACCH no Anfiteatro de convenções da USP, que além de contribuir para o desenvolvimento do nosso conhecimento sobre autismo, contribuiu também financeiramente com a AMA, mantendo a filosofia  adotada  por nós de aliar a evolução de nosso  conhecimento sobre autismo e a difusão do conhecimento adquirido com a  obtenção dos recursos financeiros para a manutenção e evolução do nosso  trabalho.

Dr. Mates veio ao Brasil outras duas vezes, em setembro de 1992, para participar da “II Jornada Regional de Autismo – Região Norte”, em Manaus – Amazonas, viagem que o encantou e, segundo ele próprio, nunca vai esquecer. Em agosto de 1993 participando como convidado especial, da III Jornada Regional de Autismo – Região Sudeste”, no auditório da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, no período de 05 a 07 de agosto.

Neste período, Dr. Mates ministrou treinamento sobre autismo e comunicação na Unidade Parelheiros, realizado durante uma semana, por ele e duas professoras do Orange Grove Center, EUA, e assistido pela equipe da AMA e convidados de instituições do Ceará, Sergipe, Brasília, e algumas outras instituições da cidade de São Paulo.


Texto do Dr. Thomas E. Mates, diretor-clínico do TEACCH Center, em Wilmington/EUA, sobre sua visita à AMA.

Dr. Thomas E. Mates, PhD

De todas as minhas experiências profissionais, a minha colaboração com pais e profissionais no Brasil se encontra entre as mais queridas.

No TEACCH, os pais de crianças com autismo são nossos professores e parceiros, e as mães com quem trabalhei em São Paulo exemplificaram isso maravilhosamente.

Em minha primeira visita fiz uma apresentação na Universidade de São Paulo e também trabalhei em colaboração com outros profissionais.

Ainda estávamos sendo desafiados sobre se o autismo é um transtorno do desenvolvimento, não causado pelas mães. A que ponto chegamos!

A outra visita foi memorável. Levamos os assistidos de ônibus a um local com residência para assistidos com autismo. Nós literalmente quebramos velhos galinheiros para construir mesas que nos possibilitassem aplicar avaliações do desenvolvimento dos assistidos, colher frutas frescas e cantar músicas em português com eles. Mais tarde, juntei-me aos colegas June Phillips e Judy Bailey para conduzir workshops práticos para uma ampla gama de profissionais.

Finalmente, participei com a equipe da AMA de uma conferência nacional sobre autismo realizada em Manaus. Que experiência mágica!

Viajei pelo Rio Amazonas, andei de barco com o pai de um jovem com autismo, bebi cerveja e comi cabrito assado com meus amigos brasileiros. Sou eternamente grato por ter tido a experiência de ser convidado para o seu país, suas casas, seus corações e por ter-me confiado o cuidado de seus filhos.

Embora minha prática clínica agora tenha se expandido para uma ampla gama de desafios de saúde mental, minha experiência com autismo e familiares sempre me orientou a agir com gentileza, humildade, consciência de nossas limitações como profissionais e da importância da colaboração com as famílias.

Sinceros agradecimentos,


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