Blog

MEC orienta mudanças para educação de crianças com autismo

Publicado por Maria Abranches

em

Por Ana Almeida, Blog do Valente

Parecer orienta que escolas formulem um Plano de Atendimento Educacional Especializado e um Plano Educação Individualizado para cada criança no espectro

Imagem: reprodução/ Feepek

O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou novas diretrizes para a educação de crianças com autismo, em parecer que agora aguarda a homologação pelo ministro da Educação, Camilo Santana. Nos últimos anos, o número de matrículas de aulas demonstradas com autismo subiu de menos de 100 mil em 2017 para 607.144 em 2023, demonstrando o crescimento da demanda por políticas inclusivas no setor educacional.

A comissão responsável pela aprovação do parecer foi composta por cinco conselheiros, entre os três indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (Paulo Fossatti, Mauro Luiz Rabelo e Ilona Becskehazy) e dois novos membros (Maria do Pilar Lacerda e Mariana Rosa), que assumiram em agosto deste ano. Mariana Rosa, fundadora do Instituto Cáue, foi a única a votar contra o parecer.

Principais Diretrizes
O novo parecer do CNE, embora tenha caráter consultivo, orienta diretamente os sistemas de educação em todo o país. Ele estabelece a criação de um “estudo de caso” individual para cada estudante autista, a fim de mapear suas necessidades e adaptações no ambiente escolar, seu relacionamento com colegas, professores e familiares. Entre as perguntas orientadas para esse diagnóstico estão: “O aluno gosta da escola?” e “Ele tem amigos?”.

Esse estudo de caso serve como base para a criação de dois documentos essenciais: o Plano de Atendimento Educacional Especializado (PAEE) e o Plano de Educação Individualizado (PEI), ambos já utilizados em sistemas educacionais fora do Brasil e que, agora, estão sendo introduzidos nenhum país.

Plano de Atendimento Educacional Especializado (PAEE)
O PAEE, documento obrigatório e atualizado continuamente, deve conter:
_Registro do estudo de caso.
_Definição de materiais e recursos que minimizem barreiras no contexto educacional.
_Avaliação da necessidade de tecnologias assistivas e de comunicação alternativa.
_Avaliação da necessidade de profissionais de apoio escolar, intérpretes de Língua Brasileira de Sinais e guias intérpretes.
_Demandas para articulação com a rede de proteção social e intersetorial.

Plano de Educação Individualizado (PEI)
O PEI deve incluir:
_Um plano de acessibilidade curricular, com atividades organizadas em salas de recursos multifuncionais e alinhamento com o professor regente e demais profissionais da unidade escolar.
_Medidas individualizadas para facilitar o acesso ao currículo para estudantes com autismo.

Alterações no Parecer e Debate
O parecer inicial, aprovado em abril, provocou divergências e foi temporariamente suspenso para ajustes em conjunto com o Ministério da Educação (MEC), o que levou à redução do documento de 69 para 22 páginas. Entre as mudanças, foi retirada a proposta de criação de acompanhantes especializados.

A proposta original sugeria que esse acompanhante tivesse o ensino médio e um curso de formação de 180 horas, simultaneamente como mediador entre o estudante, a sala de aula e o professor. Segundo Suely Melo de Castro Menezes, então conselheira e relatora do parecer, o objetivo era facilitar a comunicação e compreensão do currículo para o aluno autista.

No entanto, os críticos argumentaram que esse modelo poderia resultar no isolamento da criança, pois o acompanhamento especializado poderia acabar funcionando como um “professor particular”, centralizando a comunicação entre os outros alunos e o acompanhante, em vez de incluir a criança.

Atualmente, estudantes com deficiência já têm o direito de contar com um profissional de apoio para necessidades básicas, como alimentação, higiene e locomoção. O parecer atual do CNE reforça a contratação desse apoio, mas com a ressalva de que esse profissional não deve delegar funções pedagógicas.

Fonte: 14-11-2024
https://blogdovalente.com.br/noticias/brasil/2024/11/mec-orienta-mudancas-para-educacao-de-criancas-com-autismo-saiba-mais/

Pular para o conteúdo